"Ouço o som da morte na tua pele, livro que se encarquilha na câmara húmida do tempo. Os teus órgãos arrefecem - há quanto tempo não te arde o coração?"
"O dia em que a Gestapo, que prendera o historiador e o torturava há mais de três meses, o fez subir para um camião com os outros presos, entre os quais o tal jovem de dezassete anos, desfeito em lágrimas. Marc ergueu a mão que lhe restava, acariciou-lhe o cabelo e consolou-o: "não tenhas medo, não vai doer nada." Como o rapaz duvidasse da verdade daquela frase, Marc Bloch insistiu: "Sou Professor da Sorbonne, não posso mentir."E o jovem secou as lágrimas para morrer, ao lado de Bloch"
"A falta que me faz um céu onde te possa instalar. Ficavam bem no céu, as tuas saias demasiado largas e aquelas lãs garridas que tricotavas"
"Amámo-nos para nos engrandecermos."
"A tua alegria era um vírus incurável"
"Era teu amigo. Nunca me cansei de ti; cansei-me apenas do teu cansaço de ti mesma"
"Leva-me a essa praia da tua adolescência, quando eu nascia noutro lugar. Leva-me a essa praia onde nunca estivemos juntos"
"Todos mentimos, até por inclinação de caridade"
"Nunca vemos o mal que fazemos, só o mal que nos fazem se torna claro"
"Foste a última imagem do meu breve filme de morte.(...) E eu queria dizer-te que não me chamo Sininho. Queria dizer-te o meu nome, mas já não tinha voz"
"Muitas vezes procurei apagar um corpo em outro, trajecto banal das noites humanas"
"E nós deixámo-nos matar, porque está na natureza do amor estilhaçar-se em ruído, desfazer-se em vidros e pesar-nos no lugar do coração até que a morte o restaure"
"Amavas a amizade, com uma devoção de segurança. A amizade resolvia a éfemera arbitrariedade do amor"
"Viciei-me na alegria de estar contigo, inclinado sobre as tuas frases, ardendo pela primeira vez de desejo sobre o teu corpo inexistente."
"E voltámos a ficar apaixonados nessa noite em que eu fiquei morta, à luz das velas, pronta para o banquete da terra, à mercê da compaixão e dos discursos sobre os Grandes Valores da Vida"
"Quis que te esquecesses de mim."
"Tantas vezes te aconselhei as virtudes do silêncio. Queria calar-te para te proteger, sim. Há poucas pessoas apetrechadas para a verdade"
"Os nossos amigos parecem-me fantasmas de ti - gente demasiado nova, demasiado viva para a minha saudade de nós"
"Estou à tua espera num sítio onde as palavras já não magoam, não ferem, não sobram nem faltam. Esse sítio existe"
"Mas já não me lembro como era, fica longe, longe, cada vez mais longe"
1 comentários:
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Não sei porquê, mas sempre achei que este livro seria mais uma coisa do género Margarida Rebelo Pinto. lol
Mas agora despertaste-me a curiosidade! =)
Joana Cruz disse...
12 de janeiro de 2009 às 17:39